Sermão do Pr. Edson Azevedo, baseado em Mateus 26:36-46, proferido do púlpito da Igreja Batista da Graça em Caruaru - PE, no culto solene do domingo, Dia do Senhor, 18/05/2025.
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Qual
Sua Aversão Pelo Pecado? Mt.26:36-46
Pr. Edson Azevedo, dia 18/05/2025, Igreja
Batista da Graça em Caruaru - PE
INTRODUÇÃO
A atitude de uma pessoa em relação ao pecado
está diretamente ligada à sua condição espiritual. O pecador não convertido,
por não conhecer e não praticar a lei de Deus, não desenvolve sensibilidade ao
pecado, e, por isso, sua aversão a ele é praticamente inexistente.
Por outro lado, o pecador convertido
experimenta uma crescente sensibilidade ao pecado, o que resulta em uma aversão
cada vez maior. À medida que se aperfeiçoa na lei de Deus, essa sensibilidade
se intensifica, fortalecendo sua rejeição ao pecado.
Diante dessa realidade, podemos afirmar que
Jesus possuía uma aversão absoluta ao pecado, pois Ele é totalmente santo. Em
contraste, o pecador não convertido, por estar distante da verdade divina, não
manifesta qualquer aversão ao pecado.
CONTEXTO
Na noite de quinta-feira, Jesus deixou
Jerusalém e seguiu para o monte das Oliveiras, onde seria preso. Antes que o
traidor chegasse com a escolta, Ele instruiu os apóstolos a permanecerem
assentados em determinado local, enquanto se afastava para orar. Para acompanhá-Lo
nessa tarefa, chamou Pedro, Tiago e João, que testemunhariam os acontecimentos
marcantes daquela noite.
Foi ali, no jardim do Getsêmani, que se
revelou, de forma incontestável, a total aversão de Jesus ao pecado. Ao mesmo
tempo, tornou-se evidente a apatia e insensibilidade dos discípulos diante
dele. Os três que seguiram com Jesus representavam não apenas os demais
discípulos, mas também os crentes em geral—lentos, relapsos e negligentes,
tanto na oração quanto na vigilância. Essa falta de sensibilidade e aversão ao
pecado se manifesta até hoje na vida daqueles que, apesar de conhecerem a
verdade, ainda convivem pacificamente com o inimigo que os conduz à derrota
espiritual.
O texto destaca essa realidade com clareza:
nossa condescendência com o pecado é a raiz de nossas derrotas, dificuldades e
fracassos espirituais.
Sob o título "Qual é a sua aversão
pelo pecado?", exploraremos dois aspectos fundamentais que demonstram
como Jesus e nós estamos em posições completamente opostas quando se trata de
rejeitar o pecado.
1) A total aversão de Jesus pelo pecado
(Mateus 26.36-39, 42, 44)
O texto bíblico revela três aspectos
fundamentais que demonstram a rejeição absoluta de Jesus ao pecado:
1.1 – Sua profunda tristeza
Ao chegar ao Monte das Oliveiras, no jardim do
Getsêmani, Jesus se afasta dos apóstolos e leva consigo Pedro, Tiago e João.
Ali, uma intensa tristeza e angústia tomam conta Dele. Mas qual seria a causa
dessa aflição? Seria o abandono dos discípulos, a traição de Pedro, o
julgamento do Sinédrio, ou mesmo a crucificação?
A resposta é clara: Jesus não teme o
sofrimento físico ou a humilhação. O motivo de sua tristeza extrema é a
iminência de carregar sobre si a culpa do pecado, algo absolutamente contrário
à sua santidade. A aversão de Jesus ao pecado é tão intensa que sua alma
experimenta angústia profunda, revelando o peso dessa realidade.
1.2 – Seu desabafo e cuidado com a igreja
No versículo 38, Jesus abre o coração aos
discípulos, expressando uma tristeza tão avassaladora que poderia levá-Lo à morte.
Ele, então, exorta seus apóstolos com a frase: "Ficai aqui e vigiai
comigo."
Essa vigilância não se trata de montar guarda
contra possíveis inimigos externos, mas sim de permanecer desperto, atento ao
significado do que está prestes a acontecer. Jesus deseja que os discípulos
compreendam a gravidade daquele momento e a dimensão de sua aflição—para que,
mais tarde, possam edificar a igreja e transmitir a verdade sobre sua santidade
e sacrifício.
Mesmo tomado por uma tristeza de morte, Jesus
demonstra seu compromisso inabalável com a instrução e edificação dos que o
seguirão. Pedro e João, posteriormente, registram essa realidade em suas
epístolas (1 Pedro 2.22, 24a; 3.18; 1 João 3.5), evidenciando que, ainda que
não tenham compreendido plenamente naquele instante, foram profundamente
impactados por essa lição.
1.3 – Sua oração perseverante
Diante da dor extrema, Jesus encontra na
oração sua fortaleza. Ele se prostra com o rosto em terra e clama ao Pai: "Meu
Pai, se for possível, passe de mim este cálice; todavia, não seja como eu
quero, e sim como tu queres."
O cálice ao qual Ele se refere não é o
sofrimento físico, pois Jesus, sendo o Servo sofredor profetizado em Isaías
53.3, não teme a morte. Sua real aflição decorre da santidade absoluta que Ele
possui e da inevitabilidade de receber sobre si a culpa pelo pecado. O temor
não é de padecer, mas sim de assumir a condição de condenado, carregando as
transgressões do mundo.
Mesmo assim, em plena submissão, Ele persevera
em oração. Na segunda súplica, já resignado, Ele declara: "Meu Pai, se
não é possível passar de mim este cálice sem que eu o beba, faça-se a tua
vontade."
Essa oração reflete sua entrega completa à
missão redentora. Desde os tempos eternos, Jesus já havia declarado sua
disposição de cumprir a vontade do Pai: "Eis-me aqui, para fazer, ó
Deus, a tua vontade; dentro do meu coração está a tua lei." (Salmos
40.7-8). Assim, sua oração perseverante confirma sua total aversão ao pecado e
sua decisão firme de consumar a obra da redenção.
O que acha desta versão? Caso precise de
ajustes, posso adaptá-la! Podemos seguir para o próximo ponto quando desejar.
APLICAÇÃO
Diante da intensa aversão de Jesus pelo
pecado, você conseguiu enxergar a profundidade dessa realidade?
- Agora faz sentido o clamor dos serafins diante do trono: “Santo,
santo, santo” (Isaías 6.3). A santidade de Jesus é absoluta e
inabalável!
- Você percebeu o peso esmagador da tristeza e da angústia que Ele
sentiu no Getsêmani? Não era o medo da morte, mas o horror de carregar
sobre si a culpa do pecado.
- Acompanhou sua oração perseverante, sua busca incansável por força
no Pai?
- Enxergou que sua santidade estava prestes a ser marcada pela culpa
do seu povo?
- Compreendeu que Jesus tinha total repugnância ao pecado, não apenas
aos grandes, mas a qualquer desvio, por menor que fosse?
- Os apóstolos não entenderam naquele momento. Mas e você? Consegue
ver agora a dimensão da sua santidade e da sua aversão ao pecado?
Se essa verdade impactou seu coração, então
estamos prontos para seguir para a segunda lição. Vamos prosseguir?
2) A total apatia dos discípulos pelo pecado
(Mateus 26.37-38, 40-41, 43-45a)
Enquanto Jesus demonstrava total rejeição ao
pecado, seus discípulos, em contraste, eram apáticos. Conviviam com o pecado de
forma pacífica, indiferente, sem enxergar seu perigo ou mal. A apatia
espiritual os tornava insensíveis, incapazes de perceber o que realmente
acontecia ao redor deles. O texto nos revela três aspectos que evidenciam essa
postura negligente:
2.1 – Os crentes precisam ser chamados à
vigilância
Nos versículos 37 e 38, Jesus leva consigo
Pedro, Tiago e João ao Getsêmani e ordena que vigiem com Ele. Durante toda a
semana, Ele havia saturado a mente dos discípulos com ensinamentos sobre sua
morte iminente, mas eles permaneciam desatentos.
Mesmo diante da aflição de Jesus, seu
distanciamento para orar, e da ordem clara para vigiar, os discípulos não
compreendem a gravidade do momento. Em plena batalha espiritual, em vez de
permanecerem atentos, adormecem.
Jesus deseja que eles percebam sua angústia
extrema e entendam que o pecado é catastrófico, devastador, destruidor.
A vigilância serviria para despertar essa consciência neles, para que
crescessem e compreendessem que, se o pecado era horroroso para Jesus, deveria
ser igualmente repugnante para eles. Mas eles permanecem indiferentes.
2.2 – Os crentes dormem em serviço e precisam
de repreensão
No versículo 40, Jesus termina sua oração e
encontra os discípulos dormindo. O cansaço e o sono eram naturais naquela hora
avançada da noite, mas a indolência e a falta de percepção os impediam de
reagir ao chamado.
Quando nos concentramos em algo
verdadeiramente importante, o sono não nos domina. Mães velando filhos doentes,
trabalhadores em turnos prolongados—todos se mantêm atentos apesar do cansaço.
No entanto, aqueles três discípulos, chamados para vigiar, simplesmente
adormeceram no momento mais crucial.
Jesus, ao vê-los nessa condição, dirige-se
especialmente a Pedro. Ele, que momentos antes havia afirmado que jamais se
escandalizaria ou negaria o Mestre, agora sequer conseguia manter-se acordado.
A repreensão de Jesus mostra a fragilidade da confiança própria e revela que a
fidelidade só pode ser sustentada pela graça de Deus.
No versículo 41, Ele ordena que vigiem e orem.
A vigilância permite discernir o pecado e seus perigos, enquanto a
oração fortalece para resistir às tentações. Sem essas práticas contínuas,
os crentes permanecem vulneráveis, cedendo às pressões e sofrendo as
consequências espirituais.
2.3 – Os crentes não atendem às advertências e
sofrem o dano
Nos versículos 43 a 45, vemos a progressão da
negligência dos discípulos. Após a primeira oração, Jesus os acorda e os
repreende. Ele ora pela segunda vez e, ao retornar, os encontra dormindo
novamente, mas dessa vez não os desperta. Finalmente, depois da terceira
oração, Ele os encontra no mesmo estado—indiferentes, sem percepção do que
estava prestes a ocorrer.
Lucas registra que a agonia de Jesus foi
tão intensa que Deus enviou um anjo para confortá-lo (Lucas 22.43-44). Seu
suor tornou-se como gotas de sangue caindo na terra, revelando o peso extremo
da culpa do pecado que Ele estava prestes a carregar.
Enquanto Jesus clama, persevera e é
fortalecido pelo Pai, os discípulos permanecem inertes. Quando a batalha
termina, Ele sai do jardim preparado para cumprir sua missão, mas os discípulos
permanecem espiritualmente fracos e despreparados para os desafios que virão.
A frase final de Jesus antes de deixarem o
Getsêmani é impactante: “Vocês ainda estão dormindo?” (Mateus 26.45a).
Ele os confronta com sua indolência, sua resistência ao despertar para a
realidade espiritual. Apesar das advertências, permaneceram apáticos ao pecado
e, por isso, sofreriam os prejuízos dessa insensibilidade.
CONCLUSÃO:
Jesus enfrentou uma angústia indescritível.
Seu suor se tornou como gotas de sangue, sua alma gemeu em tristeza de morte, e
Ele sentiu o peso do inferno sobre si—não por seus próprios pecados, mas pelos
nossos. Sua dor foi o impacto avassalador da santidade absoluta se confrontando
com a culpa de toda a humanidade. Enquanto Ele agonizava pela proximidade dos
horrores do pecado, seus discípulos dormiam.
E você? Quantas vezes também adormece
espiritualmente?
- Permanece indiferente enquanto o pecado se espalha em sua vida, em
sua casa, na igreja, no mundo?
- Se acomoda quando deveria estar vigiando, orando, lutando?
Jesus não dormiu. Mesmo sendo o peso físico sobre
Ele igual ou maior que o dos outros, sua aversão total ao pecado o levou a
perseverar em oração até se submeter completamente ao Pai.
E quanto a você? Qual é sua aversão pelo
pecado?
- Você o tolera? Você se acostumou com ele?
- Ou, como um verdadeiro convertido, sente o Espírito de Cristo
dentro de si—aquele que odeia o pecado e clama por santidade?
- Na sua luta contra o pecado, você tem resistido até o sangue
(Hebreus 12.4)? Ou apenas lamenta e não combate?
Chega de desculpas. Chega de indolência. É
hora de despertar!
Acorde para orar. Acorde para vigiar. Acorde para lutar.
Enquanto os que dormem permanecem derrotados, Cristo
já se levantou!
Ele se ergueu do Getsêmani, caminhou até a cruz, bebeu até a última gota do
cálice da ira de Deus—e venceu!
Agora Ele lhe pergunta:
"Você vai continuar dormindo, ou vai se levantar e me seguir?"
Tome sua cruz e siga-O. Agora. Sem hesitar.
Quem tem ouvidos para ouvir, ouça! Amém.