Sermão do Pr. Edson Azevedo, baseado em Mateus 26:69-75, proferido do púlpito da Igreja Batista da Graça em Caruaru - PE, no culto solene do domingo, Dia do Senhor, 08/06/2025.
Por que o Cristão não consegue esconder a sua identidade?
Pr. Edson Azevedo
Introdução
Em um mundo onde a espionagem é uma atividade sofisticada — seja em governos, empresas ou relações pessoais —, o sucesso do espião depende de sua habilidade em ocultar intenções e identidades. Mas há um campo onde isso é simplesmente impossível: a vida cristã.
Nenhum cristão consegue esconder sua identidade por muito tempo. Mesmo diante do desejo de anonimato, o verdadeiro discípulo de Cristo será reconhecido. Há marcas evidentes que o denunciam: sua presença, sua linguagem e seu coração.
O episódio de Pedro no pátio da casa de Caifás (Mt 26.69–75) ilustra com clareza essa verdade.
1. Porque a Sua Presença o Revela (Mt 26.69–72)
Pedro buscava anonimato. Misturou-se aos servos no pátio, tentando se passar por mais um curioso. Contudo, sua simples presença o denunciava. Ele havia estado com Jesus publicamente: na entrada triunfal em Jerusalém, nos debates no templo e entre os discípulos.
Uma criada o reconhece (v.69). Ele nega. Depois, muda de lugar — e é novamente identificado (v.71). Nega outra vez, agora com juramento (v.72). Suas tentativas de esconder a identidade apenas o afundam mais profundamente no pecado.
"Vós sois a luz do mundo... Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte" (Mt 5.14)
Assim é o cristão: como uma vela em um quarto escuro, sua luz é visível ainda que tente apagá-la.
Reflexão: Já tentou esconder sua fé? Sua presença, atitudes e escolhas revelaram sua identidade cristã mesmo assim?
2. Porque o Seu Modo de Falar o Revela (Mt 26.73–74)
Na terceira abordagem, Pedro é confrontado por um grupo: “Verdadeiramente és também um deles, porque o teu modo de falar o denuncia” (v.73).
A princípio, o que os denuncia é o sotaque galileu. Mas o texto também carrega um simbolismo: a forma como o cristão fala o denuncia.
Quem anda com Cristo fala diferente: evita palavras torpes, murmuração, fofocas. Sua fala é temperada com graça (Cl 4.6). Mesmo em erro, há algo no tom e no conteúdo que aponta para Jesus.
Pedro, tentando negar, acaba pecando ainda mais: pragueja e jura que não conhece o Mestre (v.74). Profana o nome de Deus e amaldiçoa a si mesmo.
Ilustração: Um jovem em entrevista médica responde "não" a perguntas sobre vícios e promiscuidade. O médico conclui: "Você é crente, né?". A fala o denunciou.
Aplicação: Seu modo de falar onde você vive, estuda e trabalha revela que você anda com Cristo?
3. Porque o Seu Coração o Revela (Mt 26.75)
Após a terceira negação, o galo canta. Pedro se lembra das palavras de Jesus, e segundo Lucas, Jesus o olha (Lc 22.61). O coração de Pedro se quebra.
A memória da Palavra e o olhar do Senhor despertam nele arrependimento profundo, evidenciado nas lágrimas amargas (v.75). Somente quem pertence a Cristo sente saudade do Senhor e não consegue permanecer na negação.
"Arrependei-vos... Deus concede arrependimento" (At 5.31)
Pedro não suportou o olhar do Senhor. Seu coração não lhe pertencia, mas era de Cristo.
Reflexão: O filho pródigo tentou viver longe, mas no íntimo sabia que só encontraria descanso nos braços do pai. Assim é o cristão regenerado.
Conclusão
Pedro tentou esconder sua identidade cristã, mas foi traído por três evidências incontornáveis:
· Sua presença, pois quem andou com Jesus carrega marcas visíveis;
· Seu modo de falar, moldado pelo Espírito;
· Seu coração, selado pela Palavra e atraído por Cristo.
Você pode ter falhado como Pedro. Pode ter negado a fé com palavras ou atitudes. Mas Jesus continua olhando para você com misericórdia. A Palavra ainda ecoa. E quando ela o tocar novamente, faça como Pedro: chore, arrependa-se, mas não permaneça caído. Levante-se e assuma com coragem sua identidade de cristão, mesmo que isso lhe custe tudo.
"Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me" (Mt 16.24)
O mundo precisa ver quem você é: alguém que pertence a Jesus e que por Ele vive, prega e, se preciso, morre.