"O Paradoxo da Cruz"(Mt.27:33-44)
A cruz é o maior paradoxo da história: instrumento de dor, vergonha e morte que se tornou símbolo de vida, glória e esperança. Em Mateus 27, somos levados ao Gólgota, onde o Santo é crucificado entre pecadores, e o Rei dos reis sofre nas mãos daqueles que Ele veio salvar. Ali, vemos o contraste entre o céu e a terra, entre a justiça divina e a zombaria humana — entre amor e escárnio.
1) O Santo na Cruz
Cristo, o Cordeiro sem mácula, é levado ao Gólgota — o “Lugar da Caveira” — um nome sombrio, adequado ao cenário trágico da crucificação. Nesse lugar de morte, Ele se entrega voluntariamente para que nós tivéssemos vida.
Ao recusá-lo a beber o vinho misturado com fel, Jesus rejeita qualquer anestésico para a dor, aceitando plenamente o sofrimento físico e espiritual necessário para cumprir a justiça divina. Não houve atalho para o Salvador. Ele carregou, consciente, o peso dos nossos pecados.
Pregado no madeiro, sem resistência, sua dor vai além do físico: era moral, espiritual, substitutiva. A vergonha pública foi ampliada ao terem suas vestes rasgadas e sorteadas, expondo seu corpo e desonrando sua dignidade — mas sem tirar sua realeza. Ironicamente, a inscrição acima da cruz dizia “Este é Jesus, o Rei dos Judeus” — zombaria dos homens, mas verdadeira profecia sobre sua identidade eterna.
Ao lado, dois ladrões compartilham a cruz, mas não o mesmo destino. Um permanece endurecido; o outro se rende. Aqui aprendemos que estar perto da cruz não significa estar perto de Cristo. Só há redenção quando há arrependimento e fé.
2) Os Pecadores no Escárnio
O ambiente que cerca Jesus é de zombaria. Os passantes o insultam, ignorantes do valor daquele momento. Muitos haviam visto seus milagres, escutado seus ensinos, mas agora repetem frases distorcidas com indiferença.
Líderes religiosos, que deveriam reconhecer o cumprimento das profecias, o ridicularizam. Escarnecem de sua autoridade, negam sua divindade, e o desafiam a descer da cruz — como se o poder de Deus precisasse provar-se pela força. O maior milagre não seria descer da cruz, mas permanecer nela por amor.
Até os ladrões o insultam, mostrando que a dor humana não é suficiente para quebrantar o coração. Só a intervenção de Deus pode gerar arrependimento — como ocorreu com o ladrão arrependido, conforme relatado em outro evangelho.
Conclusão
Na cruz, Deus inverteu os papéis:
* O inocente foi condenado para que o culpado fosse absolvido.
* O Rei foi coroado com espinhos para que recebêssemos a coroa da vida.
* A cruz, símbolo de derrota, se tornou trono de glória.
Hoje, somos convidados não apenas a contemplar o Cristo crucificado, mas a responder com fé. Que não sejamos como os que estavam perto da cruz, mas longe do Salvador. “A cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos, é o poder de Deus.” (1Co.1:18)
Pr. Edson Azevedo
Igreja Batista da Graça em Caruaru/PE
Domingo, dia do Senhor, 03/08/2025